sábado, 28 de fevereiro de 2009

Zé Côco do Riachão


O texto a seguir não é meu, mas tirado do blog: http://www.boamusicaricardinho.com
Decidi não alterar nada visto que não foi necessário. Não entendo muito de viola, simplesmente corro atrás daquilo que minha sensibilidade musical indica que merece alguma atenção.

Descobri Zé Côco com meu irmão, Flavim, ele sim um grande entendedor de viola e dos grandes violeiros. E a ele (e aos amantes de boa música que acessam vez por outra este blog) dedico este texto e um excelente disco deste cara. O link está no final...

"Artista do povo da maior importância, Zé Coco tem uma técnica de execução à Viola tão desenvolvida que lhe permite tocar certas peças fazendo solo e acompanhamento ao mesmo tempo, e seus talentos são tantos que em uma das faixas do disco - a intitulada "Guaiano em Oitava"- ele aparece não apenas na Viola-Solo e fazendo a Viola-Base, mas ainda tocando Rabeca, Caixa de Folia e Pandeiro".

O comentário acima é do Jornal do Brasil feito pelo renomado crítico musical José Ramos Tinhorão que considerou "Brasil Puro" (o primeiro LP de Zé Coco do Riachão) como sendo o melhor do ano na categoria autenticidade. E Tinhorão foi mais além afirmando que "quem um dia se deleitou com a festa banjistica do som country do LP americano "Dueling Banjos", lançado pela WEA em 1978, na certa sentirá um frissom ao descobrir a extraordinária semelhança de efeitos da música dos Caipiras do Sul dos Estados Unidos com a Viola de Zé Coco".

José dos Reis Barbosa dos Santos nasceu no ano de 1912 em Brasília de Minas-MG, na localidade de Riachão, no Vale do São Francisco, e faleceu em Montes Claros-MG no dia 13/09/1998.

E quando Zé Coco estava nascendo, passava por perto uma Folia-De-Reis e o menino foi consagrado por sua mãe aos Santos Reis, por isso José "dos Reis" foi o seu nome registrado no cartório.

Além de Compositor e também fabricante e tocador de Rabeca (espécie de Violino Caipira), Viola, Violão e Cavaquinho, Zé Coco foi também marceneiro, carpinteiro, ferreiro, sapateiro e fazedor de cancelas, carro de boi, roda de rolar mandioca, etc.

Aprendeu a tocar Viola com seu pai, que também construía o tradicional instrumento musical. Até que num belo dia, seu pai havia construído e encordoado uma nova Viola, e, quando saiu para guardar as ferramentas, Zé Coco pegou e tocou o instrumento...

- QUEM TOCOU A VIOLA???!!!

- F-Fui eu... - respondeu o menino assustado que, antes de pegar no instrumento, havia decidido "...pegar essa viola e tocar aquela música que meu pai tocou...", nem que apanhasse...

E foi então que seu pai pediu para que ele tocasse novamente e... acabou dando a nova Viola de presente para Zé Coco do Riachão!

Zé Coco acabou assumindo a pequena fábrica de instrumentos musicais de seu pai com 20 anos de idade.

Não sabendo ler nem escrever, Zé Coco adquiriu sua habilidade do próprio convívio com os instrumentos musicais, sem nenhum estudo formal. Apesar disso, ele compôs em diversos estilos (dentre eles, Lundus, Mazurcas, Dobrados, Guaianos, Corta-Jacas, Calangos, Maxixes) com talento genuíno e apurada sensibilidade. Segundo ele, a única ajuda recebida foi "através de uma simpatia tradicional entre os violeiros do Vale do São Francisco: pegar uma cobra e passar entre os dedos. O resultado é a facilidade que o violeiro terá em tocar seu instrumento..." Em outras palavras, um "pacto com o coisa ruim"... que faz parte do Folclore da Viola Caipira...

Não teve nenhum professor, mas Zé Coco do Riachão ensinou muita gente a tocar viola! E deixou discípulos em diversos cantos do Brasil, principalmente nas Gerais, bem como nos Estados de São Paulo e Goiás. Dentre seus discípulos, podemos citar excelentes músicos dessa nova geração de Violeiros e Rabequeiros, tais como Marimbondo Chapéu, Sinval de Gameleira, Paulo Freire, Roberto Corrêa e Chico Lobo.

Zé Coco viveu até seus 68 anos como luthier, praticamente no anonimato, construindo e consertando instrumentos musicais e também animando bailes na região. Também compunha, mas muitas das suas composições acabaram se perdendo por falta de registro.

Zé Coco expressou também a possibilidade da união do Erudito com o Popular sem que nenhum dos estilos fosse descaracterizado.

Zé Coco do Riachão foi descoberto quando já tinha quase 70 anos de idade, por Téo Azevedo, repentista e pesquisador de Cultura Popular e que foi também quem lhe deu o apelido "Riachão"! E Zé Coco gravou três discos: "Brasil Puro" (Rodeio/WEA em 1980), "Zé Côco do Riachão" (Rodeio/WEA em 1981), e "Vôo das Garças" (Rima em 1987), por sinal, o que Zé Coco mais gostou por ter saído "...do jeitinho que eu queria e não tem gravadora no meio..." E até o momento, somente o "Vôo das Garças" é que foi remasterizado em CD (pela Lapa Cia de Ação Cultural em 1997) e com acréscimo de três músicas inéditas até então: "Moda Prá João de Irene", "Amanhecendo" e "Minha Viola e Eu". Zé Coco, no entanto, deixou muitas musicas que se perderam sem gravação...

Foi o jornalista Carlos Felipe que conseguiu patrocínio para lançar os dois primeiros discos de Zé Coco em 1980 e 1981. Já no "Brasil Puro" que foi seu primeiro LP, a crítica foi praticamente unânime, considerando-o um verdadeiro achado como expressão da nossa Cultura Popular. Como exemplo, ver no início desse resumo biográfico o comentário de José Ramos Tinhorão no Jornal do Brasil!

Fora do Brasil, Zé Coco do Riachão também tem seu valor musical reconhecido como por exemplo uma equipe de reportagem da TV Alemã que o considerou como sendo o "Beethoven do Sertão" (a partir de um filme com Téo Azevedo sobre Cantigas de Vaqueiro, produzido por Dr. Ralf do 1º Canal de Baden-Baden). Há quem diga também que Zé Coco está para os Violeiros assim como Jimmy Hendrix está para os guitarristas!

Apesar de tal prestígio, Zé Côco morreu na pobreza. Deixou, no entanto, um Patrimônio Cultural inestimável, além de um lote de 1000 CD's, do trabalho que havia sido recém remasterizado do terceiro LP, "Vôo das Garças". Conta-se que esse lote de CD's ainda está encaixotado na casa de sua filha Luisa Soares, em Montes Claros-MG, à espera de quem quiser preservar o que restou do excelente músico.

Em 1997, ano anterior ao seu falecimento aos 86 anos, vítima de um derrame, Zé Coco do Riachão participou de um excelente show no Sesc-Pompéia em São Paulo, ocasião na qual a gravadora Núcleo Contemporâneo lançou o valiosíssimo CD "Violeiros do Brasil", uma edição inédita que reuniu importantes artistas da Viola Caipira de diversas regiões do Brasil.


Agora sim, o disco:











sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A mais linda do Multiverso!!!



O que daremos pra mamãe de aniversário, Arthur?


Bibi de adulto pra mamãe, carteira, dinheiro!
Computador, celular, Brasil!
Um copo de niversário também, sacola...
Refrigerante de uva, jacaré de brinquedo de adulto,
os carrim de adulto (só carrim de adulto legal vermelho)!

AMOR!

CARINHO!

(ATCHIN!)

SAÚDE!

E mochila de adulto de niversário
também...

Cabô!

Assino embaixo de tudo o que meu filhão te desejou
e multiplico ao infinito!
Beijo demorado na minha gata!
Te amo demais, nunca se esqueça!





quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Raíz exposta






Arrancando a Raíz Louca


Difícil demais isso de arrancar raíz.
O risco de perder a planta inteira é...

Raíz pro lado de fora, virar pro alto,
fincar nas estrelas,
deixar que o mundo lhe acalente
o crescimento...

E o medo de cair? E entrar de novo
no antigo buracocicatriz?
Não conectada à antiga marca,
a alma cava em si...

Atravessa-se e ruma ao...

Se sobrar algo, queimo
Pois é melhor queimar esse mato
E que belas chamas...

Preciso fazer uma bela tumba
sobre este buraco morto

Enfeitar sua memória
com minha primeira nova flor








O Enigma Entrelaçado


Ante o abismoceano
Um altar de duas árvores

Uma apinhada de jaboticabescas uvas

A outra idêntica
Com abelhas em flor

Existe também uma travessia aqui
onde duas crianças te acompanham:

Uma faz graça á beira do arriscar
A outra mergulha no incerto
e é seu filho

Mergulhando e com um pouco de sorte,
o resgata das profundezas
enquanto os espera a outra criança

Depois da travessia: um mar paraíso

E acorda e é
E almoça e é

Então, em meio a um ato falho fatal
É expulso da mãe

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


Patapata


Olha!

As cebolas de mel

Mel tá fazendo aqui

Mel tá rodando

O mel cresceu!





Arthur Awen

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Adeus nosso de cada dia



Vida. Conjunto que no todo é despedida, um imenso adeus subdividido em bilhões de despedidas menores, um tipo de mosaico de tchaus.

Já notou o quanto superestimamos os pensamentos?

Parece até que são tudo, algo muito superior e bla bla bla. Mas não passam de linguagem, representação, flauta, pena, pincel, martelo etc. Não nego que sejam sofisticados , mas não são o que mais importa. Vale o que está por trás de cada idéia, do que a levou ao nascimento, o que dela se fez, o que aconteceu a partir o que se fez. Idéia sem movimento é um livro fechado, guardado num baú lacrado e enterrado na lua.

Movimento. O fechar que é também um abrir de portas novas. Novas imagens, pessoas, situações, aventuras, deleites, experiências, saberes, decepções, morrer e renascer... Tudo isso só freiado quando de encontro ao muro do que ficou para trás.

Os velhos confortos do ninho anterior, a dureza aquecida e a proteção que não protege de si mesmo, o doce sabor da casca que sempre foi tão boa de se lamber. Disso só lembrança, glorificada ou não, volta não há.

Acessar as velhas vantagens não há como. Mas esse muro tem sua utilidade. É possível subir sobre ele e lá do alto observar ambos os lados. Futuro e passado. Ontem e hoje. É possível levar mais gente pra lá também, sentir o vento no rosto que só a altura avantajada do muro nos permite sentir.

É possível avistar até mesmo o céu estrelado, sem precisar olhar para o alto. Basta vê-lo refletido no espelho das águas, que mesmo turbulentas refletem...

Quando se pega jacarés no mar estrelado, é interessante que não precisamos nos esforçar muito, sobretudo quando a onda é grande demais pra termos pleno controle de seus desdobramentos. Então o jeito é dar um leve impulso adiante, abrir bem os olhos para não perder nem o mais mísero instante piscado e então deixar-se levar, na velocidade, na altura, na fluidêz sem futuro.

Também é possível furar a onda, quando esta é grande demais, mas é sem graça e mais apropriado á frangos dágua. Melhor mesmo é pegar carona e viajar em sua crista.

Talvez algum dia outra apareça, ainda maior ou menor, sei lá. Então voltamos para o mar e nos preparamos para mais um impulso.

Nunca uma onda é igual a outra. Todas começam e terminam e começam e...

Jamais param de morrer e nascer e...

Eu?
Parar de nascer (e morrer e...)?

Nem!