Esse negócio de ingenuidade não tem muito remédio não, embora ter consciência dela possa permitir uma percepção inédita da realidade que deixamos que nos cerque. Ao olhar para o passado então, é possível ver enfileirados os inumeráveis erros e acertos que essa frágil força delirante incita a cometer.
Nos dias de hoje? Ah, é igualzinho a antigamente, mas quando se tem consciência do mecanismo é muito mais estranho e desanimador. Essa percepção tem me levado cada vez mais á conclusão de que não nasci para viver em sociedade. Outros prazeres antissociais no entanto tem seu sabor amplificado. Preguiça internetal embebida em séries, leituras, filmes, desenhos pra ver com o filhão, ficar quieto em casa namorando com a minha gata...
Do outro lado do processo, está o escritor solitário das madrugadas, quebrando em gravetos menores sua antiga vida, a fim de com eles alimentar a fogueira do livro que, publicado ou não, será feito. E feito de alma.
Ah, quanto ao assunto da ingenuidade? Já disse, não tem remédio. Talvez usa-la ao meu favor, como aqueles escritores presos que heroicamente usam o cárcere como ninho para seus livros.
Pode a ingenuidade, em algum nível, tornar-se um ninho para meus livros? Sabe que é até possível? Afinal, só sendo muito ingênuo para, nos dias de hoje, apostar a vida na escrevência.
Pode a ingenuidade, em algum nível, tornar-se um ninho para meus livros? Sabe que é até possível? Afinal, só sendo muito ingênuo para, nos dias de hoje, apostar a vida na escrevência.
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